O poder mágico do reencontro — entrevista Michael Kiske (vocalista do Helloween)
Ouvir um bom som pesado é algo mágico. Quem aprecia heavy metal e suas vertentes sabe que é possível ficar enfeitiçado pela música. Mas há ocasiões em que o universo conspira a favor e o encantamento materializa-se no mundo real. Um bom exemplo é a chance de conferir o Helloween no dia Halloween. Essa oportunidade única ocorre em Porto Alegre, dia 31 de outubro, no Pepsi on Stage, quando a banda alemã passa pela capital gaúcha com a aguardada turnê Pumpkin United Tour.
Não se trata apenas de mais uma gira do grupo que é referência para o speed/power metal desde os anos 1980. Esta é o união do clássico com o contemporâneo, o momento em que integrantes da formação original do conjunto encontram os da atual para apresentações de aproximadamente três horas de duração. A tour marca o (re)encontro de Michael Kiske (voz) e Kai Hansen (guitarra) após praticamente três décadas. Além deles, o espetáculo tem ainda Andi Deris (voz), Michael Weikath (guitarra), Sascha Gerstner (guitarra), Markus Grosskopf (baixo) e Daniel Löble (bateria) no palco.
Conversamos com Michael Kiske sobre como a reunião foi possível e o que esperar deste histórico acontecimento.
Michael Weikath disse em uma entrevista recente que a ideia para a turnê Pumpkins United World — que reúne integrantes de diferentes períodos — teria começado há uns 20 anos, e partiu do vocalista Kai Hansen. Por que levou tanto tempo para isso realmente ocorrer?
Michael Kiske — Kai esteve falando sobre isso por um bom tempo. Não sei se duas décadas, vai saber? Todos precisávamos do nosso tempo, e agora é o momento certo. Talvez isso não tivesse funcionado antes. Abordei Michael Weikath em 2013, em um show, e conversamos bastante, deixando as diferenças de lado. E, agora, estamos prontos para Pumpkin United Tour.
E qual foi o ponto em que todos concordaram em fazer a tour? Por quê?
Michael Kiske — Basicamente, depois Michael e eu conversamos foi quando tudo ficou mais claro. Todos os membros foram acionados, as questões administrativas foram acertadas e nós concordamos.
Poderia descrever a primeira vez que os envolvidos nesta empreitada se encontraram novamente? Foi em um ensaio?
Michael Kiske — Não, nos encontramos antes e foi ótimo. Sem ressentimentos, apenas curtimos estar juntos.
Falando sobre isso… como foi o primeiro ensaio para a Pumpkin United Tour? A banda realmente tocou ou simplesmente aproveitou o reencontro como bons velhos amigos?
Michael Kiske — Ensaio é trabalho, não curtição. Todos fizeram suas lições antes, mas precisávamos nos acertar em equipe, já que não tocamos juntos antes com essa configuração. Foi trabalhoso, mas uma excelente experiência e um desafio.
Como está clima entre a banda para rodar o mundo?
Michael Kiske — Excelente! Os ensaios estão bons e nós emocionados.
Com tantos álbuns na discografia, como escolher o setlist os shows?
Michael Kiske — É bem complicado. Todos nós trabalhamos nisso para preparar um repertório que os fãs irão adorar. Músicas velhas e novas, duetos, performances de diferentes vocais, solos de guitarra… teremos de tudo!
É verdade que as apresentações têm cerca de três horas de duração? É um tempo considerável para se estar no palco. Como manter a energia e a química para essas performances intensas?
Michael Kiske — Sim, será um longo show. Pelo menos 2h30min/3h de espetáculo. Não será um problema, todos na banda estão preparados e sabem o que fazer. Creio que será divertido!
Kai Hansen deve cantar alguma faixa clássica do passado ou os vocais devem ser feitos apenas por você e Deris?
Michael Kiske — Não, apenas eu e Andi dividiremos o microfone.
Os integrantes do Helloween têm comentado em entrevistas sobre uma nova faixa reunindo a formação da Pumpkin United Tour. A música está pronta? Quando os fãs poderão curtir esse registro?
Michael Kiske — Está pronta e será lançada logo que a turnê iniciar (durante o mês de outubro).
Todos os músicas envolvidos na tour gravaram a composição?
Michael Kiske — Sim!
Como você vê o cenário heavy metal atual e por que acredita que o Helloween continua relevante para o gênero?
Michael Kiske — Acho que o Helloween ainda se destaca porque amamos o que fazemos e isso nos faz sentir bem. A cena metal continua viva e há algumas boas bandas, mas quem é que sabe se a carreira desses novos artistas irá durar? Neste momento, as pessoas tendem a dar mais atenção à bandas velhas, o que faz com que não seja fácil para nomes ainda não estabelecidos conquistarem seu espaço.
Por Homero Pivotto Jr.