Os raros momentos de se trabalhar com os ídolos.

Não é a estreia deste blog pois acabei me amarrando pra escrever e publicar para todos com mais constância, prometo agilizar nas próximas publicações. Tem uma constante na produção de shows, por parte de fãs, amigos e pessoas que não estejam, de fato, inseridas na realidade da produção, que é ter no imaginário que somente contratamos shows de bandas que a gente gosta, banda que somos fãs. Seria um sonho se pudesse somente trabalhar com os artistas que admiro, mas a realidade não é assim, nem de longe. Porém, quando ocorre aquele alinhamento de planetas fazendo com quem a gente traga um show, justamente de um artista que sou fã, a satisfação é enorme, claro. Este ano de 2023 trouxe esse tal de alinhamento de planetas e, curiosamente, igualmente ao que ocorreu em 2015 quando, no mesmo ano, tive o prazer de trabalhar com o Glenn Hughes e o Blind Guardian. Este ano novamente trazendo estes dois, Glenn Hughes na Life Club em Florianópolis e o Blind Guardian (pela terceira vez) no Opinião.

Será a quarta vez trabalhando com o ‘The Voice of Rock’, lenda de álbuns lindíssimos do Deep Purple (Burn, Stormbringer e Come Taste the Band) e também do Black Country Communion, banda que conta também com o Joe Bonamassa (guitarra/voz), Jason Bonham (bateria) e Derek Sherinian (teclados). Obviamente a “véia” participou de N outros grupos e projetos mas, estes dois, ao meu gosto musical que é bem calcado no rock clássico e no blues, são os que me chamam mais atenção.

Blind Guardian me acompanhou exatamente na mesma época que eu devorava os livros de J.R.R. Tolkien, como boa parte de suas letras falam das obras do inglês ou de situações épicas e batalhas de espadas e dragões, os bardos alemães viraram uma trilha sonora da minha vida nesta época (ali pelos meus vinte e poucos anos). Os álbuns ‘Imaginations Through the Other Side’, ‘Nightfall on Middle-Earth’ e até mesmo o ‘A Twist in the Myth’ foram ouvidos de cabo a rabo e de trás pra frente muitas vezes na vidinha deste aqui que vos escreve.

É muito comum ouvir relatos de fãs que se aproximaram dos ídolos e tiveram uma má experiência, lhe foram negados um autógrafo ou uma foto, foram grossos, enfim, é comum. Devido ao stress e cansaço que é estar em meio a uma turnê, nem sempre os artistas conseguem separar as coisas, uma dádiva aos que conseguem, mas é necessário ter um pouco de empatia quando o contrário ocorre. Com os produtores de um show ocorre a mesma coisa, nem sempre eles vão nos receber bem, seja para falar de trabalho ou para tomar um café e falar algumas bobagens.

Eu particularmente não tenho mal a falar dos ídolos que tive a oportunidade de trabalhar, sempre me trataram muito bem, sempre tivemos afinidade, tenho certeza de que não era somente por eu ser o responsável pelo show, como eu disse no início do texto: os planetas se alinharam. Para Hansi Kursch (vocalista), do Blind Guardian, consegui sentar com ele numa janta e contar tudo que a banda representou pra mim, como foi trilha sonora de uma parte marcante da minha vida e, pra mim, como fã, fiquei lisonjeado nele feliz por ouvir meu relato e depois, no show, poder ver minha alegria cantando as músicas. Com Glenn não foi muito diferente, em todas as vezes que trabalhamos juntos (foram três), conseguimos conversar um pouco sobre as dificuldades da estrada, o quão docaralho foi a reção dos fãs ao show ou sobre, claro, a música que nos faz respirar.

Houveram muitos outros, o Andre Matos (com o Viper, Shaman ou carreira solo) tem algumas boas histórias e sempre nos demos muito bem, sempre com um carinho natural. Paul Di’Anno, primeiro vocalista do Iron Maiden, que produzi suas turnês no Brasil entre 2009 e 2013, tem muitas muitas histórias e vai render, com toda certeza do mundo, muito mais do que uma postagem no blog, o considero hoje um irmão. O Pain of Salvation e Daniel Gildenlöw, que por ser fã eu trouxe uma segunda vez como promessa que havia feito para a banda. Helloween, Tim ‘Ripper’ Owens (Judas Priest), Bixo da Seda (aproveitando o gancho de uma banda gaúcha cito as bandas dos meus amigos daqui que também sou fã como o Cartel da Cevada, Tierramystica, Cattarse, Hit the Noise e outras), Mark Farner (Grand Funk Railroad), Senhor Barriga e Chiquinha da Turma do Chaves e, este ano, o Curawaka que tem ligações profundas com minha inicialização na espiritualidade. Com certeza neste blog descreverei diversas histórias que envolvem os que sou fã, os que tenho admiração e até mesmo os que detesto musicalmente (hahahahhaa).

Espero que vocês acompanhem e desfrutem destes relatos, cada vez espero que sejam mais frequentes, trarei histórias, confusões, pensamentos, ideias, enfim, quero compartilhar com vocês um pouco do que se passa na cabeça do produtor aqui.

Ahoooooo!

Ricardo Finocchiaro
Abstratti Produtora