Não é fácil celebrar 16 anos de Rock and Roll

Não é fácil.

Além de estarmos no país do funk e do sertanejo que ocupam 98% do espaço das mídias brasileiras quando se trata de música nós gostamos de um estilo musical que não é cultural brasileiro. O rock no brasil não é como a MPB, o samba, o pagode e até mesmo os outros dois estilos inicialmente citados. A gente se ilude achando que é popular, que temos muitos fãs de rock no país, até temos, mas isso somente por sermos um país gigante.

Ao contrário de todo o rock na América Latina, o rock brasileiro quase não teve participação política, em termos musicais a MPB e o samba puxaram essa revolução. Isso fez com que, claramente, não tivéssemos uma entrada mais popular em camadas maiores da população. Muito diferente do que ocorreu nos vizinhos da Argentina, Chile e Uruguai e, até mesmo, do México.

Não é cultural do nosso povo aprender nas escolas a tocar instrumentos e ter o rock como referência maior na música como nos Estados Unidos ou na Inglaterra. Prestem atenção nos filmes vindos destes países, em grande parte e, até hoje, as trilhas sonoras contém algo de rock. Vejam filmes lançados aqui como ‘Durval Discos’, a biografia de Cazuza e até mesmo o último (e ótimo) lançamento ‘Aumenta que é Rock and Roll’ (que conta a história da Maldita FM) não repercutem nas mídias.

Pra piorar a situação, a crise econômica iniciada em 2015 no Brasil tirou muita gente da fatia do bolo que consumia ingressos de shows, a concentração de renda aumentou e ainda passamos por dois anos de pandemia (sim, o mundo todo) que derrubou muito o mercado de entretenimento, sejam produtoras, casas de show, fornecedores, profissionais da área como até mesmo músicos que tiveram de correr para outros trabalhos.

Acabou por aí? Não. Rio Grande do Sul, nossa casa, sofreu a maior enchente da história do país, claramente sofrida por falta de procedimentos que poderiam diminuir tudo o que ocorreu.

Panorama totalmente adverso relatado: celebrar 16 anos de uma festa de Rock and Roll realizada desde outubro de 2008, que só parou na pandemia e na enchente é de encher a boca de orgulho pra celebrar. Festa com casa cheia? melhor ainda! Mostrando que o público segue renovando e a festa continua sendo referência pra quem curte o estilo e até mesmo fora dele. No último sábado, dia 12 de outubro, no Opinião, presente de dia das crianças, mais uma vez comprovamos isto.

Um prazer enorme ter fundado a ROCK N’ BIRA com o simples desejo de produzir uma festa que eu gostaria de ir. Simples e honesto assim, como o Rock and Roll sempre foi, vindo do coração.

Feliz aniversário de 16 anos pra festa mais CLÁSSICA de Rock and Roll do Rio Grande do Sul,
viva o Rock and Roll!
viva a Rock n’ Bira!

Ricardo Finocchiaro

Fundador, produtor e DJ da Rock n’ Bira

 

Foto: Robert Vidal

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