Seis do Seis de Dois Mil e Três

Seis do Seis de Dois Mil e Três.

Estreando aqui algo que eu já gostaria de estar realizando há muito tempo, trazer textos que envolvam música e produção de shows. Aqui vou escrever em primeira pessoa, me apresento a quem não conheça, me chamo Ricardo Finocchiaro e sou proprietário da Abstratti Produtora, nada mais simbólico e significativo do que fazer isso no dia de hoje, quando a Abstratti celebra 20 anos de existência. Sim, sem muito alarde, sem pompa, sem grandes planos.

Não que, aqui, não se queira ter grandes planos, claro que quero. Porém a produção independente de shows é como a carreira de um artista independente, cheia de altos e baixos, com certeza muito mais baixos, mas que servem para nos ensinar, e os altos servem para nos manter.

Mas o que seria uma “produção independente”? É complexo explicar, mas basicamente é uma produção sem ser de fato uma empresa, com funcionários, com pessoas tendo horários rígidos, batendo ponto. Produção independente é não ter patrocinadores, sejam eles privados ou públicos, de não ter a própria casa de shows, de quase nunca ter a possibilidade de entrar uma grana vinda do bar (em 99% dos shows realizados por nós o bar é da casa de shows).

Já produzi shows de bandas que arrastam milhares de fãs por onde quer que passem, bandas que tocam no planeta inteiro, não vou aqui enumerar nem falar delas, se te deixou curioso coloca na busca do google “show+abstratti”, mas mesmo estando nesse ramo há mais de 20 anos (comecei pouco antes de fundar a Abstratti) ainda me considero um produtor underground.

Underground não é sinônimo de amadorismo, underground é sinônimo de poucos recursos. Comecei produzindo shows de bandas locais, bandas pequenas, bandas com seu pequeno séquito de fãs, muitas vezes amigos. Vim do underground e com ele passei enormes perrengues e situações delicadas, mas eu tenho certeza que ele me deu uma base excelente de aprendizado, coisa que, sem papas na língua, digo que muita gente que fez cursinho de produção não vai entender nunca.

Vim de uma família de artistas, meu pai era desenhista e minha mãe musicista, tem também minha irmã que descobriu a vocação como tatuadora (e desenha pra C#ralh@!) vô, vó, tias, primos, olho pra minha ancestralidade e ela ta enraízada na arte. E o que é a arte? A arte é o poder da criação, da expressão, da transformação. Hoje, depois do passar dos anos, comecei a me ver um pouco assim, devagar e constante como tudo na minha vida. E mesmo que eu não queira aprofundar sobre isso agora, é bem importante e simbólico pra mim falar sobre isso neste texto.

Só tenho gratidão pela estrada que trilhei em nome da Abstratti Produtora, não me arrependo de nada, acredito que, daqui pra frente, o que tiver pra ser será e tô de peito aberto pro que vir. Grato demais por todos que participaram até aqui e ainda participarão, ninguém chega a lugar algum sozinho e se tem uma coisa que eu sempre tive foi companhia nesse rumo louco do rock and roll. Vejo vocês nos próximos shows.

A foto que ilustra esse texto quis registrar o melhor lugar que se tem pra ficar num show: na plateia. E se você chegou até o final desse texto, separa aí, em outubro tem os 20 anos da Abstratti Produtora (de graça!) no Opinião. Vou te esperar lá.

No palco, ao vivo, pra sempre.

💜

Foto: Fabiano Martins (in memorian), show do Megadeth no Pepsi on Stage em 2016.

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